Dentre os
diversos tipos de clima e relevo existente no Brasil, observamos que os mesmos
mantêm grandes relações, sejam elas de espaço, de vegetação, de solo entre
outros. Caracterizando vários ambientes o longo de todo território nacional.
Para entende-los, é necessário distinguir um dos outros. Pois a sua compreensão
deve ser feita isoladamente. Nesse sentido, o geógrafo brasileiro Aziz
Ab’Saber, faz uma classificação desses ambientes chamados de Domínios
Morfoclimáticos. Este nome, morfoclimático, é devido às características
morfológicas e climáticas encontradas nos diferentes domínios, que são 6 (seis)
ao todo e mais as faixas de transição. Em cada um desses sistemas, são
encontrados aspectos, histórias, culturas e economias divergentes,
desenvolvendo singulares condições, como de conservação do ambiente natural e
processos erosivos provocados pela ação antrópica. Nesse sentido, este texto
vem explicar e exemplificar cada domínio morfoclimático, demonstrando sua
localização, área, povoamento, condições bio-hidro-climáticas, preservação
ambiental e economia local.
Os
Domínios Morfoclimáticos
Os
domínios morfoclimáticos brasileiros são definidos a partir das características
climáticas, botânicas, pedológicas, hidrológicas e fitogeográficas; com esses
aspectos é possível delimitar seis regiões de domínio morfoclimático. Devido à
extensão territorial do Brasil ser muito grande, vamos nos defrontar com
domínios muito diferenciados uns dos outros. Esta classificação feita, segundo
o geógrafo Aziz Ab’Sáber (1970), dividiu o Brasil em seis domínios:
I –
Domínio Amazônico – região norte do Brasil, com terras baixas e grande processo
de sedimentação; clima e floresta equatorial;
II – Domínio dos Cerrados – região central do Brasil, como diz o nome, vegetação tipo cerrado e inúmeros chapadões;
III – Domínio dos Mares de Morros – região leste (litoral brasileiro), onde se encontra a floresta Atlântica que possui clima diversificado;
IV – Domínio das Caatingas – região nordestina do Brasil (polígono das secas), de formações cristalinas, área depressiva intermontanhas e de clima semi-árido;
V – Domínio das Araucárias – região sul brasileira, área do habitat do pinheiro brasileiro (araucária), região de planalto e de clima subtropical;
VI – Domínio das Pradarias – região do sudeste gaúcho, local de coxilhas subtropicais.
II – Domínio dos Cerrados – região central do Brasil, como diz o nome, vegetação tipo cerrado e inúmeros chapadões;
III – Domínio dos Mares de Morros – região leste (litoral brasileiro), onde se encontra a floresta Atlântica que possui clima diversificado;
IV – Domínio das Caatingas – região nordestina do Brasil (polígono das secas), de formações cristalinas, área depressiva intermontanhas e de clima semi-árido;
V – Domínio das Araucárias – região sul brasileira, área do habitat do pinheiro brasileiro (araucária), região de planalto e de clima subtropical;
VI – Domínio das Pradarias – região do sudeste gaúcho, local de coxilhas subtropicais.
I –
Domínio Morfoclimático Amazônico
Situação
Geográfica
Situado
ao norte brasileiro, o domínio Amazônico é a maior região morfoclimática do
Brasil, com uma área de aproximadamente 5 milhões km² – equivalente a 60% do
território nacional – abrangendo os Estados: Amazonas, Amapá, Acre, Pará,
Maranhão, Rondônia, Roraima, Tocantins e Mato Grosso. Encontram-se como
principais cidades desta região: Manaus, Belém, Rio Branco, Macapá e Santarém.
Características
do Povoamento
A região é
pouco povoada, sua densidade demográfica é de aproximadamente 2,88 hab./km².
Isto se deve ao fato da grande extensão territorial e dos difíceis acessos ao
interior dessa área. Nesse sentido, o governo em 1970, fez o programa de
ocupação populacional na região amazônica, com migrações oriundas do nordeste.
A extração da borracha permitiu desenvolver esta área, antes inóspita
economicamente, numa região de alta produtividade, seja ela econômica cultural
ou social. Nessa época, muitas cidades foram afetadas com o crescimento gerado
pelo capital. O governo continuou auxiliando e orientando o desenvolvimento da
região e incorpora em Manaus a Suframa (Superintendência da Zona Franca de
Manaus), que trouxe para a capital amazonense muitas indústrias transnacionais.
Tanto foi a resposta desta “zona livre”, que antes da Zona Franca de Manaus, a
mesma cidade detinha uma população de 300 mil/hab e com a instalação desta
área, passou para 800 mil/hab. Outros projetos são instalados pelo governo
federal na região amazônica, como: o Projeto Jari, o Programa Calha Norte, o
PoloNoroeste e o Projeto Grande Carajás. Com isso, inicia-se a exploração
mineral e vegetal da Amazônia. Mas os resultados desses projetos foram pobres
em sua maioria, pois com a retirada da vegetação natural o solo tornava-se
inadequado ao cultivo da agricultura.
Características
Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas
Este
domínio sofre grande influência fluvial, já que aí se encontra a maior bacia
hidrográfica do mundo – a bacia amazônica. A região passa por dois tipos de
estações flúvio-climáticas, a estação das cheias dos rios e a estação da seca,
porém esta última estação não interrompe o processo pluviométrico diário, só
que em índices diferentes. O transporte existente também é influenciado pela
enorme rede hidrográfica, enquanto que o rodoviário é quase inexistente. Assim,
o transporte fluvial e o aéreo são muito utilizados devido às facilidades
encontradas neste domínio. Como se trata de uma floresta equatorial considerada
um bioma riquíssimo, é de fundamental importância entendê-la para não
desestruturar seu frágil equilíbrio. Devido à existência de inúmeros rios, a
região sofre muita sedimentação por parte fluvial, já que a precipitação é
abundante (2.500 mm/ano), transformando a região numa grande “esponja” que
detém altas taxas de umidade no solo. Este mesmo solo é formado basicamente por
latossolos, podzólicos e plintossolos, mas o mesmo não detém características de
ser rico à vegetação existente, na verdade, o processo de precipitação é o que
torna este domínio morfoclimático riquíssimo em floresta hidrófita e não o
solo, como muitas pessoas pensam que é o responsável por tudo isto. Valendo
destacar os tipos de matas encontradas na Amazônia, como: de iaipó – de regiões
inundadas; de várzea – de regiões inundadas ciclicamente e de terras altas –
que dificilmente são inundadas. As espécies de árvores encontradas nesta região
são: castanaha-do-pará, seringueira, carnaúba, mogno, etc. (essas duas últimas
em extinção); os animais: peixe-boi, boto-cor-de-rosa, onça-pintada; e a flora
com a vitória régia e as diversas orquídeas.
Com um
grande processo de lixiviação encontrado na Amazônia, essa ação torna o solo
pobre levando todos os seus nutrientes pela força da capacidade do rio
(correnteza). Mas esta riqueza diversa não deve ser confundida como grande
potencialidade agrícola, pois com a retirada da vegetação nativa, transforma o
solo num grande alvo da erosão, devido as fortes chuvas ocorridas na região. A
rede hidrográfica é outra fonte de potencialidade econômica da Amazônia, pois
seus leitos fluviais são de grande piscosidade, o que torna a área num
importante atrativo natural para o turismo, às indústrias pesqueiras e a
população ribeirinha. Com um clima equatorial, sem muitas mudanças de
temperatura ao longo do ano, a região amazônica diferencia-se apenas nas épocas
das chuvas (ou cheias dos rios) e das secas. Assim esta primeira época faz com
que os rios transbordem e nutram as áreas de terras marginais ao leito dos
mesmos. Com um solo essencialmente argiloso e a forte influência do escoamento
fluvial, faz com que a Amazônia torna-se uma área de terras baixas, decapitando
as formações existentes no seu substrato rochosos.
Condições
Ambientais e Economicamente Sustentáveis
Nos dias
atuais é grande a devastação ambiental na Amazônia – queimadas, desmatamentos,
extinção de espécies, etc. – fazem com que a região e o mundo preocupe-se com
seu futuro, pois se trata da maior reserva florestal do globo. Ecologicamente a
Amazônia está correndo muito perigo, devido ao grande atrativo econômico
natural que é encontrado nesta região, o equilíbrio é colocado muitas vezes em
risco. A exploração descontrolada faz com que as ideologias conservacionistas
sejam deixadas de lado. As indústrias mineradoras geram consequências
incalculáveis ao ambiente e nos rios são despejados muitos produtos químicos
para esta exploração. A agricultura torna áreas de vegetação em solos de fácil
erosividade e em resposta a tudo isso, gera-se um efeito “dominó” no meio
ambiente, onde um é responsável e necessário para o outro. São poucas as
atividades econômicas que não agridem a natureza. A extração da borracha, por
exemplo, era uma economia viável ecologicamente, pois necessitava da floresta
para o crescimento das seringueiras. Mas atualmente, esta exploração é quase
rara, devido à falta de indústrias consumidoras. Nesse sentido, deverão ser
tomadas medidas de aprimoramento nas explorações existentes nesta região, para
que deixem de causar imensas sequelas ao ambiente natural.
Situação
Geográfica
Formado
pela própria vegetação de cerrado, nesta área encontram-se as formações de
chapadas ou chapadões como a Chapada dos Guimarães e dos Veadeiros, a fauna e
flora ali situada, são de grande exuberância, tanto para pontos turísticos,
como científicos. Vale destacar que é da região do cerrado que estão três
nascentes das principais bacias hidrográficas brasileiras: a Amazônica, a
São-Franciscana e a Paranáica.
Localizado
na região central do Brasil, o Domínio Morfoclimático do Cerrado detém uma área
de 45 milhões de hectares, sendo o segundo maior domínio por extensão
territorial. Incluindo neste espaço os Estados: do Mato Grosso, do Mato Grosso
do Sul, do Tocantins (parte sul), de Goiás, da Bahia (parte oeste), do Maranhão
(parte sudoeste) e de Minas Gerais (parte noroeste). Encontrado ao longo de sua
área cidades importantes como: Brasília, Cuiabá, Campo Grande, Goiânia, Palmas
e Montes Claros.
Características
do Povoamento
Devido a
sua localização geográfica ser no interior brasileiro, o povoamento e a
ocupação territorial nesta região era fraca, mas o governo federal vem a
intervir com os programas de políticas de interiorização do desenvolvimento nos
anos 40 e 50, e da política de integração nacional dos anos 70. A primeira é
baseada, principalmente, na construção de Brasília e a segunda, nos incentivos
aos grandes projetos agropecuários e extrativistas, além de investimentos de infraestrutura,
estradas e hidroelétricas. Com estes recursos, a região vem a atrair
investidores e mão-de-obra, e consequentemente ocorre um salto no crescimento
populacional de cada Estado, como no Mato Grosso que em 1940 sua população era
de 430 mil/hab. e em 1970 vai para 1,6 milhões/hab. Tal foi à resposta destes
programas, que nos dias de hoje o setor agrícola do cerrado ocupa uma ótima
colocação em produção, em virtude de migrações do sul do Brasil.
Características
Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas
Centrada
no planalto brasileiro, o domínio do cerrado é dividido pelas formações de
chapadas que existem ao longo de sua extensão territorial, estas que são
“gigantescos degraus” com mais de 500 metros de altura, formadas na era
geológica Pré-Cambriana, limitam o planalto central e as planícies – como a
Pantaneira. Com sua flora única, constituída por árvores herbáceas tortuosas e
de aspecto seco, devido à composição do solo, deficiente em nutrientes e com
altas concentrações de alumínio, a região passa por dois períodos sazonais de
precipitação, os secos e os chuvosos. Com sua vegetação rasteira e de campos
limpos, o clima tropical existente nesta área, condiz a uma boa formação e um
ótimo crescimento das plantas. Também auxiliado pela importante rede
hidrográfica da região, de onde são oriundas nascentes das três maiores bacias
hidrográficas do Brasil como foi destacado no início. Isto lhe dá uma imensa
responsabilidade ambiental, pois denota a sua significativa conservação
natural. Com um solo formado principalmente por latossolos, areais quartzosos e
podzólicos; constituem assim um solo carente em nutrientes fertilizantes,
necessitando de correção para compor uma terra viável à agricultura. Observa-se
também, que este mesmo solo apresenta características à fácil erosividade
devido às estações chuvosas que ali ocorrem e principalmente a degradação
ambiental descontrolada, estes processos fazem a remoção da vegetação nativa
que tornam frágeis os horizontes “A” frente aos problemas ambientais
existentes, como a voçoroca.
Condições
Ambientais e Ecologicamente Sustentáveis
Em vista
desses aspectos fisiográficos, o cerrado atraiu muita atenção para a
agricultura, o que lhe tornou uma região de grande produção de grãos como a
soja e agropastoril, com a ótima adaptação dos gados zebu, nelore e ibagé. Em
virtude disso, o solo nativo foi retirado e alterado por outra vegetação,
condizendo a uma maior facilidade aos processos erosivos, devido à falta de
cobertura vegetal, seja ela gramínea ou herbácea. Nesse sentido, faz-se muito
pouco pela preservação e conservação das matas nativas – a não ser nas áreas
demarcadas como reservas bio-ecológicas. Outra exploração ativa é a mineral,
como o ouro e o diamante, donde decorre uma grande devastação à natureza. Dessa
forma, os governos, tanto federal, estadual ou municipal, deverão tomar
decisões imediatas quanto à proteção do meio natural, pois deve ocorrer, sim, a
exploração pastoril, agrícola e mineral dessa região, porém não se deve
esquecer que para a efetiva existência dessas economias o ambiente deverá ser
prudentemente conservado.
Situação
Geográfica
Este
domínio estende-se do sul do Brasil até o Estado da Paraíba (no nordeste),
obtendo uma área total de aproximadamente 1.000.000 km². Situado mais
exatamente no litoral dos Estados do: Rio Grande do Sul, Santa Catarina,
Paraná, de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, da Bahia, Sergipe, de
Alagoas, de Pernambuco, da Paraíba; e no interior dos Estados, como: São Paulo,
Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo. Incluindo em sua extensão territorial
cidades importantes, como: São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Salvador,
Recife, Porto Alegre e Florianópolis.
Características
de Povoamento
Como se
encontra na região litorânea leste do Brasil, foi o primeiro lugar a ser
descoberto e colonizado pelos portugueses – tanto que é em Porto Seguro, Bahia,
que atracou o navegante Pedro Álvares Cabral, descobrindo o Brasil. Com isso, a
primeira capital da colônia portuguesa na América foi Salvador, onde
iniciaram-se os processos de colonização e povoamento, respectivamente. É neste
domínio que estão as duas maiores cidades brasileiras – São Paulo e Rio de
Janeiro. Isto se deve a antiga constituição das duas cidades como centros
econômicos, integradores, culturais e políticos. Foram muitos os resultados desse
povoamento, como por exemplo, a maior concentração populacional do Brasil e a
de melhor base econômica.
Características
Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas
Como o
próprio nome já diz, é uma região de muitos morros de formas residuais e curtos
em sua convexidade, com muitos movimentos de massa generalizados. Os processos
de intemperismo, como o químico, são frequentes, motivo pelo qual as rochas da
região encontram-se geralmente em decomposição. Tem uma significativa gama de redes
de drenagens, somados à boa precipitação existente (1.100 a 1.800 mm a/a e
5.000 mm a/a nas regiões serranas), que é devido à massa de ar tropical
atlântica (MATA) e aos ventos alísios de sudeste, que ocasionam as chuvas de
relevo nestas áreas de morros. Assim, os efeitos de sedimentação em fundos de
vale e de colúvios nas áreas altas são muito intensos. A vegetação natural é da
mata chamada Atlântica, com poucas áreas nativas de suma importância aos
ecossistemas ali existentes. Sua flora e fauna são de grande respaldo ambiental
e o solo é composto em sua maioria por latossolos e podzólicos, sendo muito
variável. A textura se contradiz de região para região, pois é encontrado tanto
um solo arenoso como argiloso. Como a sua extensão territorial alarga-se entre
Norte – Sul, seu clima dependerá da sua situação geográfica, diferenciando-se
em: tropical, tropical de altitude e subtropical.
Condições
Ambientais e Economicamente Sustentáveis
Lembrando
que foi colocado anteriormente em relação ao povoamento, essas terras já estão
sendo utilizadas economicamente há muitos anos. Decorrente disso, observa-se
uma considerável desgastarão do solo que elucida uma atual preservação das
matas restantes. Esta região já sofreu muita devastação do homem e da sociedade
e devem ser tomadas atitudes urgentes para sua conservação. Existem muitos
programas, tanto do governo como privados, para a proteção da mata atlântica.
Destaca-se por exemplo, a Fundação O Boticário (privado), que detém áreas de
preservação ao ambiente natural e o SOS Mata Atlântica (governamental e
privado). Neste sentido, a solução mais adequada para este domínio, seria a
estagnação de muitos processos agrícolas ao longo de sua área, pois o solo
encontra-se desgastado e com problemas erosivos muito acentuados. Deixando
assim, a terra “descansar” e iniciar um projeto de reconstituição à vegetação
nativa.
Situação
Geográfica
Situado
no nordeste brasileiro, o domínio morfoclimático das caatingas abrange em seu
território a região dos polígonos das secas. Com uma extensão de
aproximadamente 850.000 km², este domínio inclui o Estado do Ceará e partes dos
Estados da Bahia, de Sergipe, de Alagoas, de Pernambuco, da Paraíba, do Rio
Grande do Norte e do Piauí. Tendo como principais cidades: Crato, Petrolina,
Juazeiro e Juazeiro do Norte.
Características
do Povoamento
Sendo uma
das áreas junto ao domínio morfoclimático dos mares de morros, de colonização
pelos europeus (portugueses e holandeses), sua história de povoamento já é bastante
antiga. A caatinga foi sempre um palco de lutas de independência, seja ela
escravista ou nacionalista. A região tornou-se alvo de bandidos e fugitivos
contrários ao Reinado Português e posteriormente ao Império Brasileiro. Como o
domínio das caatingas localiza-se numa área de clima seco, logo chamou a
atenção dos mesmos para refugiarem-se e construírem suas “fortalezas”, chamados
de cangaceiros. Com isso o processo de povoamento, instaurados nos anos 40 e
50, centrou-se mais em áreas próximas ao litoral, mas o governo federal
investiu em infraestrutura na construção de barragens, açudes e canais
fluviais, surgindo assim o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
(DNOCS). Entretanto, o clima “desértico” da caatinga, prejudicou muito a
ocupação populacional nesta região, sendo que a caatinga continua sendo uma
área preocupante no território brasileiro em vista dos seus problemas sociais,
que são imensos. Valendo destacar que com todos esses obstáculos sociais e
naturais da caatinga, seus habitantes partem para migração em regiões como a
Amazônia e o sudeste brasileiro, chamada de migrações de transumância (saída na
seca e volta na chuva).
Características
Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas
Com o seu
clima semiárido, o solo só poderia ter características semelhantes. Sendo raso
e pedregoso, o solo da caatinga sofre muito intemperismo físico nos latos solos
e pouca erosão nos litólicos e há influência de sais em solo, como: solonetz,
solodizados, planossolos, solódicos e soonchacks. Segundo Ab´Saber, a textura
dos solos da caatinga passa de argilosa para textura média, outra
característica é a diversidade de solos e ambientes, como o sertão e o agreste.
Mesmo tendo aspectos de um solo pobre, a caatinga nos engana, pois necessita
apenas de irrigação para florescer e desenvolver a cultura implantada. Tendo
pouca rede de drenagem, os mínimos rios existentes são em sua maioria sazonais
ao período das chuvas, que ocorrem num curto intervalo durante o ano. Porém
existe um “oásis” no sertão nordestino, o Rio São Francisco, vindo da região
central do Brasil, irriga grandes áreas da caatinga, transformando suas margens
num solo muito fértil – semelhante o que ocorre com as áreas marginais ao Rio
Nilo, no Egito. Neste sentido, comprova-se que a irrigação na caatinga pode e
deve ser feita com garantia de bons resultados. Outro fato que chama a atenção
é a vegetação sertaneja, pois ela sobrevive em épocas de extrema estiagem e em
razão disso sua casca é dura e seca, conservando a umidade em seu interior.
Assim, a região é caracterizada por uma vegetação herbácea tortuosa, tendo como
espécies: as cactáceas, o madacaru, o xique-xique, etc.
Condições
Ambientais e Economicamente Sustentáveis
Devido o
homem não intervir de significativa maneira em seu habitat, o ambiente natural
da caatinga encontra-se pouco devastado. Sua região poderia ser ocupada mais a
nível agrícola, em virtude do seu solo possuir boas condições de manejo, só
necessitando de irrigação artificial. Assim, considerando os fatos
apresentados, a caatinga teria condições de desenvolver-se economicamente com a
agricultura, que seria de suma importância para acabar com a miséria existente.
Mas sem esquecer de utilizar os recursos naturais com equilíbrio, sendo feito
de modo organizado e pré-estabelecido à não causar desastres e consequências
ambientais futuros.
Situação
Geográfica
Encontrado
desde o sul paulista até o norte gaúcho, o domínio das araucárias ocupa uma
área de 400.000 km², abrangendo em seu território cidades importantes, como:
Curitiba, Ponta Grossa, Lages, Caxias do Sul, Passo Fundo, Chapecó e Cascavel.
Características
do Povoamento
A região
das araucárias foi povoada no final do século XIX, principalmente por
imigrantes italianos, alemães, poloneses, ucranianos etc. Com isto, os
estrangeiros diversificaram a economia local, o que tornou essa região uma das
mais prósperas economicamente. Caracterizado por colônias de imigração
estabelecidas pela descendência estrangeira, podemos destacar como principais pontos,
as cidades de: Blumenau – SC , colônia alemã; Londrina – PR, colônia japonesa;
Caxias do Sul – RS, colônia italiana. Mas a vinda desses imigrantes não foi só
boa vontade do governo daquela época. O Brasil tinha acabado de terminar a sua
guerra com Paraguai, que deixou muitas perdas em sua população, em virtude
disso a solução foi atrair imigrantes europeus e asiáticos.
Características
Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas
Atualmente,
a vegetação de araucária – chamada de pinheiro do Paraná, ou pinheiro-braseleiro
– pouco resta, as indústrias de celulose e madeireiras da região, fizeram um
extrativismo descontrolado que resultou no desaparecimento total em algumas
áreas. Sua condição de arbórea, geralmente com mais de 30 m de altura, condiz a
um solo profundo, em virtude de suas raízes estabelecerem a sustentação da
própria árvore. A região das araucárias encontra-se no planalto meridional onde
a altitude pode variar de 500 metros até cerca de 1.200 m. Isso evidencia um
clima subtropical em toda sua extensão que mantém uma boa relação com a
precipitação existente nesse domínio, variando de 1.200 a 1.800 mm. Nesse
sentido, a região identifica-se com uma grande rede de drenagem em toda a sua
extensão territorial. O solo é formado principalmente por latossolos brunos e
também é encontrado latossolos roxos, cambissolos, terras brunas e solos
litólicos. Com estas características, o solo detém uma alta potencialidade
agrícola, como: milho, feijão, batata, etc. As morfologias do relevo se
destacam por uma forte ondulação até um montanhoso, o que o representa num solo
de fácil adesão a processos erosivos, iniciados pela degradação humana e
social.
Condições
Ambientais e Economicamente Sustentáveis
Percebe-se
atualmente que esta arbórea quase desapareceu dessa região, devido à
descontrolada exploração da araucária para produção de celulose. Felizmente,
medidas foram tomadas e hoje a araucária é protegida por lei estadual no
Paraná. Mas os questionamentos ambientais não estão somente na vegetação.
Devido este solo ser utilizado há anos veem a ocorrer uma erosividade
considerada. Em virtude do mesmo, surge a técnica de manejo agrícola chamada
plantio direto, que evidencia uma proteção ao solo nu em épocas de pós-safra.
Nesse sentido, o domínio morfoclimático das araucárias, que compreende uma
importante área no sul brasileiro, detém um nível de conservação e
reestruturação vegetal considerável. Mas não se deve estagnar esse processo
positivo, pois necessitamos muito dessas terras férteis que mantém as economias
locais.
Situação
Geográfica
Situado
ao extremo sul brasileiro, mais exatamente a sudeste gaúcho, o domínio
morfoclimático das pradarias compreende uma extensão, segundo Ab’Saber, de
80.000 km² e de 45.000 km² de acordo com Fontes & Ker – UFV. Tendo como
cidades importantes em sua abrangência: Uruguaiana, Bagé, Alegrete, Itaqui e
Rosário do Sul.
Características
do Povoamento
Território
mãe da cultura gauchesca, suas tradições ultrapassam gerações, demonstrando a
força da mesma. Caracterizado por um baixo povoamento, a região destaca-se
grandes pelos latifúndios agropastoris, que são até hoje marcas conhecidas dos
pampas gaúchos. Os jesuítas iniciaram o povoamento com a catequização dos
índios e posteriormente surgem as povoações de charqueadas. Passando por
bandeirantes e tropeiros, as pradarias estagnam esse processo (ciclo do
charque) com a venda de lotes de terras para militares, pelo governo federal.
Devido à proximidade geográfica com a divisão fronteiriça de dois países (Argentina
e Uruguai), ocorreram várias tentativas de anexação dos pampas a uma destas
nações – devido aos tratados de Madrid e de Tordesilhas. Mas as tentativas
foram inválidas, hoje os pampas continuam sendo parte do território brasileiro.
Características
Bio-Hidro-Climáticas e Fisiográficas
Como é
uma área também chamada de pradarias mistas, o solo condiz ao mesmo. Segundo
Ab’Saber, que o caracteriza como diferente de todos os outros domínios
morfoclimáticos, existindo o paleossolo vermelho e o paleossolo claro, sendo de
clima quente e frio. Denominado um solo jovem, devido guardar materiais
ferrosos e primários, sua coloração vêem a ser escura. Estabelecido por um
clima subtropical com zonas temperadas úmidas e subsumidas, a região é sujeita
a sofrer alguma estiagem durante o ano. Sua amplitude térmica alcança índices
elevados, como em Uruguaiana, considera a mais alta do Brasil, com 7° a/a. Isto
evidencia suas limitações agrícolas, pois o solo é pouco espesso e têm indícios
de pedrugosidade. Assim, caracteriza-o a uma atividade pastoril de bovinos e
ovinos. Com a utilização do solo sem controle, denota-se um sério problema
erosivo que origina as ravinas e posteriormente as voçorocas. Esse processo
amplia-se rapidamente e origina o chamado deserto dos pampas. A drenagem
existente é perene com rios de grande vazão, como: Rio Uruguai, Rio Ibicuí e o
Rio Santa Maria.
Condições
Ambientais e Economicamente Sustentáveis
O domínio
morfoclimático das Pradarias detém importantes reservas biológicas, como a do
Parque Estadual do Espinilho (Uruguaiana e Barra do Quarai) e a Reserva
Biológica de Donato (São Borja). As condições ambientais atuais fora desses
parques, são muito preocupantes. Com o início da formação de um deserto que
tende a crescer anualmente, essa região está sendo foco de muitos estudos e
projetos para estagnar esse processo. Devido ao mau uso da terra pelo homem,
como a monocultura e as queimadas, essas darão origem as ravinas, que por sua
vez farão surgir às voçorocas. Como o solo é muito arenoso e a morfologia do
relevo é levemente ondulada, rapidamente os montantes de areia espalham-se na
região ocasionados pela ação eólica. Em virtude a tudo isso, poucas medidas
estão sendo tomadas, exceto os estudos feitos. Assim, as autoridades locais
deverão estar alerta, para que esse processo erosivo tenha um fim antes que
torne todas as pradarias num imenso deserto.
Faixas de Transições
Encontrados
entre os vários domínios morfoclimáticos brasileiros, as faixas de transições
são: as Zonas dos Cocais, a Zona Costeira, o Agreste, o Meio-Norte, as
Pradarias, o Pantanal e as Dunas. Espalhadas por todo o território nacional,
constituem importantes áreas ambientais e econômicas.
Faixas de
Transição Nordestinas
A zona
dos cocais, representa uma importante fonte de renda à população nordestina,
pois é nessa área principalmente, que se faz à extração dos cocos. A zona
costeira detém outra característica, é uma importante região ambiental, onde se
encontra a vegetação de mangue, que constitui um bioma riquíssimo em
decomposição de matéria. Outra faixa de transição é o agreste, que é
responsável pela produção de alimentos para o nordeste, como: leite, aves,
sisal, entre outras matérias primas para indústrias. No litoral cearense, encontram-se
as dunas, que é uma região de montantes de areias depositados pela ação dos
ventos e de constante remodelação.
O
meio-norte se estabelece entre a caatinga do sertão e a Amazônia (Maranhão e
Piauí). Com uma diversidade de vegetação como cerrada e matas de cocais, o
meio-norte detém sua economia na pecuária bovina, chamada de pé-duro e na
criação do jegue. A carnaúba e o óleo de babaçu são outras fontes de
extrativismo. Sem esquecer que todas estas zonas demonstradas situam-se na
região nordestina brasileira.
Faixa de
Transição da Região Sul Brasileira
Na região
sul, encontra-se a zona de transição das Pradarias, que se situa entre os
domínios morfoclimáticos da Araucária e das Pradarias. São geralmente campos
acima de serras e são encontradas vegetações do tipo araucárias, de campo,
floresta e cerrado. Assim, os sistemas naturais situados nessa região, são de
fundamental importância para o meio natural envolvente a ela.
Faixa de
Transição – Pantanal
O
pantanal é uma das principais zonas de transição encontrada no Brasil. Ele é um
complexo ambiental de suma importância, pois compreende uma grande diversidade
de fauna e flora. Situado em regiões serranas e em terras altas, o pantanal é
considerado um grande reservatório de água, devido encontrar-se numa depressão
entre várias montanhas. Sua rede fluvial é composta por rios, como: Cuiabá,
Taquari, Paraguai etc, sendo considerados rios perenes.
Como o
pantanal passa por duas estações climáticas durante o ano, a seca e as cheias
dos rios, essa região detém características e denominações únicas, como:
“cordilheira” – que significa áreas mais altas, onde não sofrem alagamentos
(pequenas elevações); salinas – regiões deprimidas que se tornam lagoas rasas e
salgadas com as cheias dos rios; barreiros – são os depósitos de sal após a
seca das salinas; caixas – canais que ligam lagoas, existindo somente durante
as inundações; e vazante – cursos d´aguas existente durante as épocas das
chuvas. Com tudo, o pantanal sofre consequências ambientais como a exploração
mineral, que poluem intensamente os rios – considerados como os responsáveis
pela existência da biodiversidade da região. A pecuária e a utilização de
enormes monoculturas, fazem o despejo de uma grande quantidade de agrotóxicos
aos rios.
Nesse
sentido, a preservação dessas zonas de transição é considerada de suma
importância para a existência dos domínios morfoclimáticos brasileiros. Pois
eles estabelecem uma relação direta com a fauna, flora, hidrografia, clima e
morfologia, conservando o equilíbrio dos frágeis sistemas ecológicos.
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